Coronialismo e Karatê

Pagina dedicada a excelente tese de Carla Ribeiro Testa publicada na Universidade de Brasilia, tese na qual o autor denuncia sem complacência a tragica situação do Karatê brasileiro a traves da analise do mesmo sob uma perpectiva sociologica…

Confere as palavras introdutivas desse magistral trabalho:

”  O campo esportivo das artes marciais se apresenta de forma fascinante para os milhões de admiradores dessas modalidades. Porem, a estrutura real de poder escondida por detrás dos shows, extraordinárias conquistas, recordes inimagináveis e superações dos limites humanos revelam que as interações sociais que ocorrem nos bastidores são dissimuladas e escondem relações com acentuados níveis de submissão, incontestes as regras determinadas pela estrutura politica.

 

A falta de consciência critica dos atores sociais responsáveis pelos espetáculos esportivos e um passivo que estrutura o campo politico esportivo.

Embora a legislação que regula a pratica e a administração esportivas permita a participação politica como uma prerrogativa de todos os atletas e os associados das entidades de administração esportiva, na pratica, só os dirigentes a exercitam.

 

As relações de poder são estabelecidas de forma tal que sobra pouco espaço para as disputas entre os atores sociais. Quando elas ocorrem, são controladas pelo líder da entidade e pelo seu grupo. O campo politico esportivo do karatê brasileiro apresenta estrutura própria e individualizada, marcada, sobretudo, por princípios costumeiros e uma sistematização institucional muito especifica.

Nessa estrutura esportiva, há rigor na observância de vários preceitos e, também, uma expectativa de conduta muito própria. Preceitos que, muitas vezes, não estão escritos, mas são estatuídos pelos dirigentes das entidades de administração esportiva, pessoas jurídicas de direito privado que administram a modalidade.

 

Fazendo parte dessa estrutura estão as associações, entidades de pratica, próprias para o treino e o aperfeiçoamento dos atletas, de onde saem os talentos esportivos, mas que não tem voz ativa, nem voto.

A dominação presente nesse campo tem fortes características de dominação tradicional legitimada por costumes, por um fazer hoje o que se fazia ontem. Mas dependente, também, de vários interesses e vantagens por parte daqueles que obedecem.

 

A maioria dos dirigentes das entidades de administração do karatê brasileiro, especialmente as federais, age como se essas fossem suas próprias casas. As motivações e caprichos pessoais dão a tônica da relação estabelecida com os seus associados. O dever de obediência dos atletas deve ser seguido rigorosamente sob pena de sanções que serão impostas de acordo com 0 animo da diretoria da entidade, especialmente do presidente.

 

Nesse quadro, e possível vislumbrar uma apatia politica dos atletas de alto rendimento, os competidores, que, aparentemente, e um instrumento de poder utilizado pelos dirigentes da modalidade para perpetuar 0 quadro politico vigente. Nos denominamos essa apatia, de pobreza politica, conceito que sera mais bem examinado ao longo da pesquisa. O exercício da relação dirigente/associado nem sempre e congruente com o ordenamento jurídico do Pais. Na verdade, muitas vezes princípios constitucionais são violados sem nenhum constrangimento pelos cartolas…

Pobreza politica e dominação: um caso de patrimonialismo em um campo desportivo de Carla Ribeiro Testa

Texto integral:    http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/2728/1/2007_CarlaRibeiroTesta.PDF

1 opinião sobre “Coronialismo e Karatê”

  1. Fernando A. T. Távora disse:

    No viso de contribuir para o engradecimento de tão respeitável Blog, sugiro a correção do equívoco na postagem da expressão “coronialismo” (expressão não constante dos léxicos) ao invés de Colonialismo (regime ou dominação colonial). Expressão esta que guarda maior relação com o excelente trabalho da mestranda de Brasília Carla Ribeiro.

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